Nos limites a sul do concelho, a freguesia de Seroa foi durante muito tempo conhecida pelo nome do seu orago, S. Mamede. Chamaram-lhe depois Seroja, Asseroya e Seroia.
Seroa, de seroar, para quem descansa depois do trabalho, diz Manuel Vieira Dinis.
O lugar de Vilar abarcou já a parte mais importante da freguesia na época manuelina e depois dela. Próximo, apareceu um conjunto de mamoas e fornos cerâmicos a testemunhar a antiguidade do povoamento. Infelizmente, todo o conjunto foi destruído, incluindo um último em S. Simão.
Resta a memória de uma antiga ermida dedicada a S. Simão.
Quem de Paços se dirige ao Porto, talvez não saiba que estes caminhos, antes do alcatrão, foram calcorreados por quem ao Porto ia a buscar e trazer. Por eles passaram sobretudo os almocreves, também conhecidos pelos da Poupa, talvez pela devoção que estes honrados profissionais de transportes de mercadorias tinham ao Senhor do Padrão, no Outeirinho da Poupa.
Aí, a devoção construiu um simples cruzeiro com uma imagem de Cristo. Para que não estivesse exposto ao tempo, os almocreves, no século passado, fizeram-lhe um abrigo. Daqui, a origem da Capela do Senhor do Calvário, com romaria de muita concorrência. Nela, os mordomos nunca se esqueceram de, pela festa do Corpo de Deus, recompensar quem trazia oferendas com o bom pão de Deus em roscas e também vinho do cântaro.
A capela actual tem algum interesse, com os seus dois corpos anexos e de diferentes datas (1764-1774). Interessante é a escultura popular do padrão, em granito.
A igreja paroquial, construída em 1701 com pedraria fornecida por ajuste ao mestre pedreiro Damião da Rocha, de Santiago de Fonte Arcada, foi considerada diminuta e por isso se construiu recentemente um elegante e moderno templo. Mas a anterior igreja lá continua, com um belo púlpito, e frontispício e colaterais dignos do barroco nacional. É belo também o seu padrão. Na sacristia da igreja antiga, dois painéis de madeira pertenceram por certo a um retábulo já não existente. A pintura está a desaparecer mas permite ainda identificar, num deles, a Senhora a amamentar o Menino.
Esta igreja, apesar de muito bonita já não respondia às necessidades de uma freguesia em expansão. Em 25 de Março de 1986, foi iniciada a construção de uma nova igreja, onde se realizam actualmente as principais cerimónias religiosas. Esta nova igreja de Seroa, é ampla e moderna, foi construída à face da estrada no lugar de Arroteia.
Merece igual atenção a escultura da Nossa Senhora da Natividade, na igreja antiga.
Do oratório de Santa Ana foram encontrados vestígios, por volta de 1938, no caminho que da Poupa se dirige para a cruz do adro. Havia uma fonte denominada de Sant’Ana, num desvão do dito caminho. Há alguns anos descobriu-se um precioso fresco alusivo a Sant’Ana, em nicho colateral ao altar-mor da matriz seroense. Reza a tradição que a matriz fora deslocada de S. Mamede para o lugar actual. Naturalmente que o oratório de Sant’Ana viu diminuir-lhe os devotos. Ficou o topónimo, e não se deitou fora.
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